segunda-feira, 29 de março de 2010

CONTOS, CRÔNICAS & POESIAS

“TEMPO...MEMÓRIA...TESOUROS”
 
         Ah, o tempo!... Tempo. Uma palavra com tantas possibilidades! Uma palavra que, por si só, define a limitação, o prazo. O próprio tempo sofrendo a imposição de um tempo para ser e acontecer. À cada situação se determinando começo, meio, fim, propósitos e metas. Assim é para mim, para você, para todos e para tudo. Para as gerações que vieram, as permanecentes, as que chegaram e as que, como as anteriores, virão e se irão.   

        Tempo. Para cada coisa (e quantas!) um tempo. Em cada coração, um propósito, um sonho, um ideal, mil projetos!  Há momentos em que nos parece haver tão pouco tempo para realizar, fazer vir à luz e, em outros, as horas e minutos se arrastam,...intermináveis.
              
         O tempo da alegria, do prazer, da satisfação, do gozo pela conquista, entre outros... sempre parecendo curto, minguado, e o tempo da espera, da dor, das incertezas, das desilusões, do parecer equivocado ou impossível; extenso.

 O  tempo da exigência, estreito. O tempo da prestação de contas, infindável.
 O  tempo definindo o que permanece e o que se extingue.
 O  tempo demarcando nosso antes, durante e depois.
 O  tempo estabelecendo seu tempo para tudo.
 
 Tempo e memória andando juntos. Como engrenagens. Impelindo-se mutuamente.
 Tempo e memória. Passado, presente e futuro.  
 Tempo e memória. O que passou e o que insiste em persistir.
 
         Reter o tempo. Transformar os eqüívocos em passado permanente e os acertos em contínuo presente.          
         Parar o relógio...retardar a contagem...voltar e acertar...espalhar a areia e apagar os passos mal dados, as escolhas mal feitas...as influências que desnortearam...retomar a caminhada interrompida...dar as mãos...restaurar os laços...repensar...trazer à lembrança...considerar o desprezado...são tantos passos que ficaram por ser dados e tantos os que desejaríamos nunca termos iniciado...! 
          De alguma forma, eu e você, muitas vezes, nos pegamos desejando poder entrar no túnel do tempo e corrigir os desacertos, mas não nos é dada essa possibilidade; para que não nos percamos em nós mesmos e nos infindáveis ‘se’s e, ficando presos ao passado, deixarmos de viver o agora, vindo a morrer para o futuro. Naquilo em que falhamos, arrependermo-nos, corrigirmo-nos, se possível for; senão, atentarmos para não o repetirmos. Naquilo em que acertamos, que não nos tornemos orgulhosos ou arrogantes mas que prossigamos em humildade e temor. É necessário continuarmos e prosseguirmos avante.   
 
          Tempo, memória, tesouros. O que deixar morrer e o que lutar por preservar. Tesouros das lições e instruções aprendidas e passadas de uma geração para outra, fazendo ,de cada uma, pérola preciosa. Lições que geraram frutos de vida, que se revelaram justiça e sabedoria para aqueles que as guardaram e viveram, dando, a outros, exemplos a seguir. A cada um se reserva o direito de escolher se as reterão e aplicarão ou se as desprezarão. Para os que as preservarem ou para os que as negarem; a cada um seu fruto. Cada lição aprendida torna-se como ramos de uma árvore frutífera que, tendo a Palavra como raiz e plantada junto às águas, torna-se frondosa e oferece abundante sombra e alimento. 
          
          O Tempo fornece à memória as sementes que se tornarão os frutos do abundante tesouro a ser repartido com todos aqueles que lhe derem o valor justo, resguardando-o na sua plenitude e essência. Há tesouros e tesouros. Tesouros eternos e tesouros perecíveis. Há tesouros de conhecimentos e lições que se revelam bons para este tempo de vida e que, pela experiência, guardamos cuidadosamente e os repassamos para que outros o desfrutem e o distribuam generosamente e há tesouros, cuja riqueza e valor estão muito além do temporal e do humano; se revelaram nesta vida mas a ultrapassam. São os tesouros da Palavra viva, verdadeira e fiel, por cujas linhas muitos deram suas vidas e não se arrependeram e que, por tais atos, foi atiçado o fogo de uma tocha que, há muito , vêm sendo passada de mão em mão, até aquele dia em que será cruzada a linha de chegada; o momento final e derradeiro.   
 
Tais tesouros são impreteríveis. São inegociáveis. São imperecíveis. São eternos. 
Há sabedoria em escolhermos o eterno.    


Gabriela Avila

domingo, 28 de março de 2010

POR QUE SÓ A GRAÇA? - SOLA GRATIA

Diante do que temos visto como pregação do evangelho nessa terra Brasiles, podemos observar que tais pregadores e suas pregações abdicaram da Graça. Esforçam-se por ofertar um evangelho antropocêntrico e secular a ponto de entronizar o homem e destronar Deus. Quando observo as afirmações dos tele-pastores fico a me perguntar quem está no trono realmente? Afirmações que entram no domínio do herege e do insulto ao criador. Outro dia um tele-pastor pregava e dizia: “o melhor de Deus ainda está por vir”. Entendi que talvez ele quisesse encorajar seus ouvintes a continuar na luta da vida porque Deus ainda tinha coisas boas a dar. Mas fiquei incomodado com sua afirmativa. Se o melhor de Deus está por vir, então Deus não fez o melhor no dia de ontem e nem no dia de hoje. Se o melhor de Deus está por vir, então Deus está melhorando em seu Ser, pois, conseguirá fazer melhor amanhã em relação ao que fez hoje. Não acredito que tal tele-pastor seja um adepto do Teísmo Aberto, pois, acredito que nem saiba do que se trata, mas pisou em mais de 2000 anos de teologia, desprezou aquilo que os grandes defendiam no passado e anulou a Graça de Deus. Deus nunca fará o melhor amanhã. Ele sempre faz o melhor a cada momento, pois, Ele não cresce em poder ou em sabedoria, mas aplica seu poder e sabedoria através de sua Graça e isso sempre da melhor maneira possível. A Graça de Deus nunca oferecerá o melhor de Deus amanhã, ela o faz hoje, agora.

Tais afirmações são inconsistentes com a Graça de Deus. Somente a Graça é suficiente para restabelecer o equilíbrio interno no homem. Somente a Graça é suficiente para destronar o pecado da vida do homem e libertá-lo para servir a Deus. SOLA GRATIA.

Permeou a igreja um ensinamento que o cristão deve reivindicar, exigir, cobrar e determinar os benefícios de Deus. Se assim for, logo já não é pela Graça, mas pelo agir do homem. Quando entendemos a doutrina da Graça não determinamos nada, mas humildemente pedimos ao criador que nos abençoe. Outro dia fui orar em certa igreja e o pastor pediu que eu fizesse uma oração poderosa. Antes de orar disse a Deus: “não consigo fazer oração poderosa, pois, não tenho poder diante de ti Senhor. Humildemente orarei ao Senhor Todo Poderoso e se aprouver a Ti responder a glória será tua”.

A graça coloca o homem em seu devido lugar, o de servo que nada tem a determinar ou exigir, mas que clama por misericórdia.

A Graça nos faz participantes das vitórias de Cristo. Paulo diz em Rom 8:37: “que somos mais do que vencedores por meio daquele que nos amou”. Por meio daquele, por intermédio daquele, através daquele que nos amou. Sim nossas vitórias são as vitórias de Cristo e elas são reais e factíveis. Quando vencemos em alguma área de nossas vidas nada mais significa do que Deus nos ter concedido um pouco da vitória de Cristo. Ele disse: “tenham bom ânimo, eu venci”.

O apóstolo João nos diz que: “todo aquele que vence o mundo...”. Aqui neste texto o neutro é que chama a atenção. A ênfase está não na pessoa vencedora, mas no poder vencedor que opera através da pessoa. Por que a Graça sempre aponta para Deus e seu poder.

A Graça nos faz descansar na Soberania de Deus. A Graça nos faz fortes nas horas difíceis, pois, nos mostra a Soberania de Deus. Deus está no controle de todas as coisas e lemos no livro de Jó Cap. 42:2 “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido”.

Nada chega até nós sem que Deus o tenha permitido e quando isso acontece podemos sempre crer que o plano está se realizando em nossas vidas.

Isso deveria nos atrair para os braços do Pai e ali acharmos descanso e segurança. Olhamos para as vicissitudes da vida e nelas nos alegramos porque sabemos que o Senhor trabalha através delas para nossa edificação. Paulo nos diz em Rom. 8:28 “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Em todas as coisas Deus trabalha para aqueles que o amam. Observe que esse operar de Deus é exclusivo para aqueles que O amam. Meu irmão se você ama a Deus pode ficar tranqüilo que Ele está usando todas as coisas, operando através de cada circunstância da vida para seu bem. A Graça nos mostra com clareza a Soberania de Deus.

A Graça de Deus nos encoraja a continuar. Se Deus dispensa seu favor aos que são seus, então podemos estar confiantes a continuar a jornada da vida sem temor. Aquele que já garantiu o fim também suprirá os meios. A Graça nos faz repetir aquilo que Samuel disse: “Ebenezer, até aqui nos ajudou o Senhor”. E podemos afirmar sem medo de errar: “e continuará a nos ajudar”.

A Graça nos diz para seguirmos em frente, pois, Ele já foi à nossa frente e conhece todo o caminho. Jesus nunca nos levará onde Ele não tenha estado.

Precisamos nos alegrar na Graça. Precisamos descansar na Graça. Somente a Graça nos aproxima de Deus.

Soli Deo Glória

Pr. Luiz Fernando R. de Souza

http://ministerioforcaparaviver.blogspot.com/

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ainda Sou Do Tempo


Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de críticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas, em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Críamos que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado. Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens em lugar algum. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos fotos eróticas ou filmes pornô um "trabalho profissional", mas uma prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos, convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas, os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa de missa", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blazer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito, enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou", etc. Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas tinham uma fé estranha, numa profetiza semicontemporânea, mas tinham os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas, etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente.
E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de ser considerado evangélico!
Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornô, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram crentes" pra vender seus cds encalhados, pois o "povo de Deus" compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomenclatura religiosa.
Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a bíblia condena o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos nossos próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser "fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destroem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito...)
Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas minissaias dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.
Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos", "o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é O Caminho, A Verdade e A Vida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.
Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de megassonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas" e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética e apostólica". Que desgraça!
Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda? Nossas bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano", com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem parar ou grunir como animais.
Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar "piercing" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso?
É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor, louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção. Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao Espírito Santo "pega! pega! pega!", como se fosse um cachorrinho, quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel, ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me humilho diante de Deus, e digo: "Senhor, me proteja, não me deixa ser assim!"
Que Deus tenha piedade de nós.

11 de outubro de 2006

* * *

Pr. Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP

terça-feira, 2 de março de 2010

O Que Deus Pensa de Mim?

Vamos deixar que Deus nos analise. Tentemos descobrir, se for possível, o que Ele pensa de nós. A nossa oração será o clamor do salmista:

"Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos" (Salmos 139:23)

Que a luz do Espírirto Santo brilhe em nós de tal maneira que possamos nos ver como Ele nos vê.
Não procuremos saber o que o mundo pensa de nós. Jornais, livros e conversas podem dar uma idéia a nosso respeito oposta ao que Deus pensa. Pode ser que louvem quando Deus condena, ou pode ser que condenem, quando deus louva. Nem tampouco estamos procurando a opinião de nossos amigos mais íntimos. Até eles podem ser enganados acerca de nós.  

"O homem olha para o que está diante dos olhos, porém o senhor olha para o coração" (1 Samuel 16:7)

O nosso único desejo é descobrir o que Deus pensa de nós.
Um dia estaremos face a face com o Senhor. E então, à vista do universo inteiro, estaremos descobertos e os segredos de nossos corações serão declarados. A capa que nos esconde do homem não nos esconderá de Deus. Não é melhor descobrir agora o que Ele pensa de nós? ao sermos pesados em sua balança e formos achados em falta, não devemos buscar imediatamente o que nos falta para estarmos corretos diante Dele?


Portanto, pergunto: O que Deus pensa de mim? O que acha em mim, o Deus que sonda o coração? Serei, eu, agradável à Sua vista? O que pensa, Ele, de mim?

      1 - O que Deus pensa do meu trabalho?
  
Será que Ele me julga verdadeiro e sincero, livre de engano e hipocrisia? Não pensemos, agora nos tropeços. A questão é: sou íntegro? Sou sincero? Se os meus motivos são corretos, Ele não notará os meus tropeços. Será que o meu trabalho é de coração, ou meramente profissional? Haverá pensamentos interesseiros em mim? Sou interesseiro? Terá, o dinheiro, influência nas minhas decisões e planos? Será que eu O serviria tão sinceramente se não recebesse nenhuma recompensa do meu trabalho? Sou verdadeiro?

O meu trabalho está dando resultado? A minha vida está honrando a Jesus? Serei, eu, capaz de levar outras pessoas a alcançar poder e vitória em Deus? Posso ganhar almas para Cristo? Faço esforço para isso? Tenho falado a alguém acerca da sua alma durante esse ano? Tenho uma mensagem, ou é minha experiência tão superficial que não impressiona outras pessoas? Será que meus amigos sabem que sou crente?    

      2 - O que Deus pensa da minha vida social?
  
Tenho, eu, obedecido aos mandamentos: "retirai-vos do meio deles, e separai-vos" e "não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis"? Será que tais ações na minha vida são agradáveis a Ele? Pode, Deus, sorrir quando me vê?  Haverá algum prazer terreno que O esteja afastando do meu coração e fechando-o para a sua presença? A minha consciência está calma, ou está pertubada por que faço certas coisas e frequento certos lugares? Estarei, eu, pronto a abandonar tudo e me dedicar a Jesus perante o mundo? Ele deu tudo por mim. desejo agradá-LO ou no meu coração estou discutindo com Ele? Estarei eu, perdendo o tempo que pertence a Ele? Estarei gastando o tempo de folga, assistindo à reuniões sociais, enquanto deveria estar ocupado no serviço d'Ele?    

      3 -  O que Deus pensa da minha vida devocional?

Gastarei bastante tempo a sós com Ele? Ou estarei com pressa nos períodos de devoção? Gosto de me encontrar com Ele no secreto do meu quarto? É, a comunhão, com Ele, doce para mim? é Jesus real em minha vida?ele me satisfaz completamente?

Sou um estudioso da Palavra de Deus? Estudo-a sozinho ou somente nas reuniões públicas? Jesus fala ao meu coração os Seus segredos? Será que estou apropriando-me de Suas promessas?

É, a minha vida, saturada com oração? Recebo respostas das minhas orações? Tenho aprendido a orar eficazmente? Será que eu apenas repito orações, ou realmente oro? Consigo alguma coisa definida pela oração? É a oração, uma experiência real e vital para mim?


      4 -  O que Deus pensa do meu progresso espiritual?

Tenho progredido espiritualmente? Como filho de Deus, estarei crescendo? Estou melhor este ano do que no ano passado? É, Jesus, mais real, hoje, para mim? Podem, meus amigos, perceber a diferença na minha vida? 

Estarei tendo mais vitória sobre o pecado? Tenho o ardente desejo de libertação? Haverá na minha vida algum ídolo estimado que esteja impedindo a Sua Paz e Poder, Sua Presença e Amor? Creio que Jesus é poderoso para me conservar em pé e que Ele é Todo - Poderoso? 

E agora, tendo encarado sisnceramente esses quatro pontos, qual é a minha conclusão? Frequentemente testificamos que Jesus nos satisfaz, mas, agora vamos inverter a pergunta:

Estará, Ele, satisfeito conosco? 
Será que Deus tem prazer em mim? 
Ele estará desapontado, ou contente conosco?
Ele se deleita em nós? 
O que Deus pensa de mim?


                                                                      * * * * * *

Extraído de: "O homem que Deus usa" - Oswald Smith, Capítulo 6 - Ed. Vida 
                                  (Grifos e negritos meus)




 Humildade, Verdadeira Grandeza

A humildade atrai a atenção de Deus. Em Isaías 66.2 lemos as seguintes palavras do Senhor:
O homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra.
Esta profunda passagem nos direciona a uma motivação e a um propósito totalmente diferente a respeito da humildade. Uma motivação e um propósito que jamais encontraremos nas páginas de um manual de negócios. Nessa passagem, encontramos motivação e propósito alicerçados no impressionante fato de que a humildade atrai o olhar de nosso Soberano Deus.

Se entendermos as circunstâncias em que esta passagem foi escrita, encontraremos um significado ainda mais rico. Aqui, Deus se dirige aos israelitas, um povo com uma identidade única. Escolhidos por Deus, dentre todas as nações da terra, eles possuíam tanto o templo quanto a Torá – a Lei de Deus. Mas, não tremeram da palavra de Deus. Em certo sentido, eles tinham tudo a seu favor, exceto o mais importante. Eles não eram humildes diante de Deus.

Então, nessa passagem, Deus, em sua misericórdia, tira a atenção dos israelitas da orgulhosa suposição de serem privilegiados como escolhidos de Deus, e da preocupação que eles tinham com os adornos da religião. Estas coisas não atraem seu olhar ativo e gracioso, mas a humildade o faz.

Os olhos de Deus constituem um tema por toda a Escritura. Veja, por exemplo, as palavras de 2 Crônicas 16.9: “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele”. Obviamente, Deus não tem olhos físicos; “Deus é espírito” (João 4.24). Ele não precisa de olhos físicos porque é onisciente. Nada escapa à sua atenção. Ele está ciente de todas as coisas.

No entanto, embora conheça tudo, Ele procura por algo em particular, algo que atue como um ímã para capturar sua atenção, e O convide a se envolver conosco de forma ativa. Deus é, decididamente, atraído pela humildade. Uma pessoa humilde é aquela que atrai a atenção de Deus, e, neste sentido, atrair a atenção dEle também significa atrair sua graça – sua bondade imerecida. Pense nisto: há uma coisa que você pode fazer para atrair mais da força e ajuda graciosa, imerecida e sobrenatural de Deus!

Que promessa! Atente mais uma vez para esta passagem tão conhecida: “Deus... dá graça aos humildes” (Tiago 4.6). Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, Deus não auxilia “os que ajudam a si mesmos”, mas os que se humilham.

Essa é a promessa da humildade. Deus é, pessoal e providencialmente, defensor dos humildes. E a graça que Ele estende aos humildes é indescritivelmente valiosa. Jonathan Edwards escreveu: “Os prazeres da humildade são os mais refinados, íntimos e primorosos deleites no mundo”. O propósito deste livro é ajudá-lo a receber e experimentar esses excelentes prazeres.


Por C.J. Mahaney. © Sovereign Grace Ministries. Website: sovereigngraceministries.org
Excerto do Livro:
Humildade, Verdadeira Grandeza. Disponibilizado pela Editora Fiel