terça-feira, 24 de março de 2015

[Jugo Desigual – 01] “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos? Por quê?” por Simone Quaresma

by  | segunda-feira, 16 março, 2015 | Jovens Mulheres, Jugo Desigual, Namoro

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Nesta nova série de artigos procuraremos entender juntas o que a Palavra de Deus quer dizer quando nos dá esta ordem. Quais as esferas de nossas vidas são tocadas por ela? Como podemos não pecar contra o Senhor e como podemos nos manter puras no meio de uma geração tão perversa? Quais as consequências de desobedecermos deliberadamente esta ordem?
Antes de entrarmos na proibição propriamente dita, gostaria de elencar algumas questões que estão por trás desta ordem, que não é arbitrária ou sem motivo. Se entendermos a complexidade que há por trás dela, também entenderemos o cuidado de um Pai zeloso por seu povo, que não admite misturas, que não compactua com o pecado e que odeia qualquer transgressão de sua lei. O questionamento que muitos se fazem é: por quê? Por que não podemos manter comunhão com os incrédulos? Vejamos algumas razões pertinentes:
Porque existe uma grande diferença entre o ímpio e o crente
A primeira coisa que precisamos entender é a diferença de status que existe entre os filhos de Deus e os filhos do maligno. Não podemos esquecer que não existe time do meio, “café com leite” ou pessoas que são indiferentes para Deus. Ou eles são seus filhos ou são inimigos de fato. É assim que a Bíblia coloca aqueles que não temem ao Senhor! Não podemos contemporizar e fingir que não estamos entendendo. Na leitura de toda a Bíblia podemos ver claramente duas linhagens: a de Caim e a de Abel. A dos filhos de Deus e a dos filhos do Diabo. Os que serão salvos e os que serão eternamente condenados. Não temos como minimizar esta verdade: todos os que não foram regenerados pelo Espírito Santo de Deus, têm a ira de Deus sobre si. As Escrituras estão repletas de textos que nos mostram esta verdade. São tantos os textos, que tive dificuldade em separar alguns…
Antes de lermos alguns destes textos, gostaria que você se lembrasse do significado de algumas palavras. Quando a Bíblia fala em ímpios, perversos, impiedade e iniquidade, não está falando apenas de homens muito muito maus: assassinos, malfeitores, corruptos, ladrões e adúlteros. A palavra iniquidade significa qualquer falta de conformidade à Lei de Deus, aos seus mandamentos, expressos em toda a Bíblia. Portanto, não obedecer deliberadamente à Palavra de Deus faz de um homem, por mais honesto e moralmente bom que pareça, um iníquo, um ímpio, um perverso perante o santo Senhor e Juiz de toda a Terra. Lembre-se disso enquanto estiver lendo os versos abaixo e veja a clara ira do Senhor contra estes.
“Os ímpios, no entanto, perecerão, e os inimigos do SENHOR serão como o viço das pastagens; serão aniquilados e se desfarão em fumaça”. Salmos 37.20
“Quanto aos transgressores, serão, a uma, destruídos; a descendência dos ímpios será exterminada.” Salmos 37.38
“Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Salmos 9.17
“Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo… Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.” I João 3.7-10 (Praticar a justiça= obedecer à Palavra de Deus!)
“Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” João 3.36
“Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. João 3.18 (Lembre-se do que Tiago fala sobre crer em Deus. Este crer está relacionado a obedecer, não a acreditar somente, pois até os demônios crêem e tremem!)
“Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tiago 4.4 (ser amigo do mundo é pensar e viver não como Deus deseja, mas como o mundo anda)
“O caminho dos perversos é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam.” Provérbios 4.19
Nos versos que se seguem, vemos ainda mais clara a separação que é feita entre aqueles que são do Senhor e aqueles que não são, entre os filhos e os bastardos, entre as ovelhas e os cabritos. Repare no contraste, na diferença de tratamento que Deus faz entre os seus filhos e os filhos da ira:
“Porque o SENHOR abomina o perverso, mas aos retos trata com intimidade.” Provérbios 3.32
“O caminho do SENHOR é fortaleza para os íntegros, mas ruína aos que praticam a iniqüidade.” Provérbios 10.29
Abomináveis para o SENHOR são os perversos de coração, mas os que andam em integridade são o seu prazer.” Provérbios 11.20
“O caminho do perverso é abominação ao SENHOR, mas este ama o que segue a justiça.” Provérbios 15.9
“O SENHOR está longe dos perversos, mas atende à oração dos justos.” Provérbios 15.29
Quando nos deparamos com estas verdades, somos obrigadas a reconhecer que não existe ser humano “neutro” diante de Deus. Ou eles serão justificados e escaparão da ira de Deus por causa do pecado, pelo sangue de Cristo, ou eles mesmos pagarão por seus pecados, não apenas nesta vida, mas eternamente no inferno. Por isso é impossível haver comunhão entre os filhos da luz e os filhos das trevas. Eles cogitam das coisas do mundo, eles vivem para agradar ao seu próprio ventre, para satisfazer os desejos da carne e em última instância, jazem no Maligno. Não amam a santidade e a justiça de Deus; não desejam ardentemente mortificar a carne e negar-se a si mesmos. Para eles, a Palavra de Deus é estorvo, seu mandamentos incabíveis, a forma de vida dos santos é motivo de piada.
Porque devemos ter aversão pela vida dos ímpios
Quando lemos atentamente o Salmo de número 1, somos apresentadas à mesma forma de contraste. A diferença entre a vida dos santos e dos ímpios. O salmista começa dizendo que feliz é o homem que não tem prazer na companhia do ímpio, antes o seu prazer está na Lei do Senhor e na sua Lei medita de dia e de noite. Comentando este trecho, Calvino diz o seguinte:
Começando com uma declaração que revela sua aversão pelos perversos, ele nos ensina quão impossível é para alguém aplicar sua mente à meditação na lei de Deus, se antes não recuar e afastar-se da sociedade dos ímpios… Para que vivamos plenamente conscientes dos perigos que nos cercam, necessário se faz recordar que o mundo está saturado de corrupção mortífera, e que o primeiro passo para se viver bem consiste em renunciar a companhia dos ímpios, de outra sorte é inevitávelque nos contaminemos com sua própria poluição. (O livro dos Salmos, pg 50)
Portanto, se desejamos nos santificar e manter nossa mente cativa aos ensinos do Senhor, se desejamos meditar na sua lei de dia e de noite, e delinear a nossa vida por ela, a companhia dos ímpios é um grande empecilho para isso.
A advertência do Salmo primeiro é seríssima. Ele nos mostra que a vida do crente é pautada pela lei de Deus, enquanto o ímpio cria suas próprias leis e obedece a seu coração enganoso e corrupto. É por isso que Davi declara: “Não tenho me assentado com homens falsos e com os dissimuladores não me associo. Aborreço a súcia de malfeitores e com os ímpios não me assento… quanto a mim, porém, ando na minha integridade…” (Salmos 26. 4-5 e 11)
Porque começaremos a viver como eles
Esta talvez seja a alegação mais forte do Salmista para que não nos associemos com os ímpios! Calvino explica isso de forma primorosa:
A suma de tudo é: os servos de Deus devem diligenciar-se ao máximo por cultivar aversão pela vida dos ímpios. Como, porém, a habilidade de Satanás consiste em insinuar seus embustes, de uma forma muito astuta, o profeta, a fim de que ninguém se deixe insensivelmente enganar, mostra como paulatinamente os homens são ordinariamente induzidos a desviar-se de seu reto caminho. No primeiro passo, não se precipitam em franco desprezo a Deus; mas, tendo uma vez começado a dar ouvidos ao mau conselho, Satanás os conduz passo a passo, a um desvio mais acentuado, até que se lançam de ponta cabeça em franca transgressão. O profeta, pois, começa com “conselho”, termo este, a meu ver, significando a perversidade que ainda não se exteriorizou abertamente. A seguir ele fala de “vereda”, o que deve ser tomado no sentido de habitual modo ou maneira de viver. E coloca no ápice da ilustração o “assento”, uma expressão metafórica que designa a obstinação produzida pelo hábito de uma vida pecaminosa(O livro de Salmos, pgs 51-52)
Esta é a progressão evidente! Primeiramente passamos a pensar como eles, depois tomamos as mesmas atitudes e por fim temos sua maneira de viver como a nossa maneira de viver!
Se já não bastasse a nossa própria corrupção natural e as investidas do mundo e de Satanás diretamente contra nós, na companhia dos ímpios somos ainda mais tentados e inflamados a nos parecer com eles. E é tudo tão absurdamente gradativo que o crente descuidado, aquele que não tem o seu prazer na lei do Senhor, mas na companhia de perversos pecadores, mal pode observar em quão distante têm ficado de Deus. A relação é inversamente proporcional: quanto mais tempo gastamos na companhia de homens que não amam ao Senhor, mais distantes de Deus e mais parecidos com eles nos tornamos! E note bem, esta não é a minha opinião! Isto é o que o Salmo primeiro nos ensina. Progressivamente passamos a admirá-los, a escutá-los. No começo, até relutamos em aceitar suas idéias, mas o convívio e a amizade vai nos fazendo amolecer e a nos tornar mais complacentes com seus pensamentos, até que por fim, passamos a praticá-los. Por este motivo o sábio Salomão notifica: “Não entres na vereda dos perversos, nem sigas pelo caminho dos maus. Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo…” (Provérbios 4.14-15) e também: “Não te associes com o iracundo, nem andes com o homem colérico, para que não aprendas as suas veredas e, assim, enlaces a tua alma.” (Provérbios 22.24-25). O alerta de que, certamente, passaremos a imitar seus pecados é claro!
Porque amamos e servimos a senhores diferentes 
Creio que até aqui ficou bem claro o abismo que existe entre os que têm o sangue do Cordeiro sobre os umbrais das suas portas e os egípcios! A distância eterna que separa os que tiveram seus pecados cobertos e não receberão a ira de Deus, daqueles que terão que responder por cada pensamento, cada palavra e cada atitude destoante da lei de Deus!
Há, porém, outro motivo para não desejarmos a destra de companhia dos ímpios: nós amamos senhores diferentes! Nós vivemos em mundos diferentes, desejamos coisas diferentes. Nós amamos ao Senhor e à sua lei. Estamos aqui nesta terra como peregrinos e forasteiros, mas nossos olhos estão fitos em Deus! Nosso alvo é Cristo, nosso rumo é o céu. Aspiramos uma pátria superior. Nada neste mundo tem valor para nós, se não nos faz chegar mais perto de Deus. Nosso viver é Cristo. O morrer? O morrer é LUCRO! Como podemos, então, desejar a parceria de alguém que despreza tudo que nos é tão caro? Como posso conviver de tão perto com alguém que só pensa neste mundo, que só deseja satisfazer a seus próprios apetites, que não tem a esperança da glória? Como dividir a vida com alguém que odeia Aquele que é a razão do meu viver? Como posso me associar com alguém que não se deleita em ouvir sobre as maravilhas das verdades de Deus? Como? Como? Se meu maior prazer e alegria nesta vida está relacionada ao Senhor e a tudo que envolve o Seu Reino, como poderia compartilhar a vida com alguém que despreza tudo isso?
Nossos Senhores são diferentes! Nós amamos e servimos o único e verdadeiro Senhor, eles, servem a ídolos falsos, amam o próprio ventre. Nós somos regidos pela Palavra de Deus, eles, por seus corações corruptos. Nós caminhamos para nos parecermos mais com Cristo; eles, cada dia se distanciam mais deste ideal e se afundam na lama do pecado. Nós seguimos para o céu; eles, para o inferno.
Continua…
2015-03-16
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simone* Simone Quaresma é casada há 25 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro.
Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (23 anos), Israel (22 anos), Davi (19 anos) e Júlia (17 anos). Ela trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.


Extraído de: http://www.mulherespiedosas.com.br/jugo-desigual-1/ 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Salmos 122

Pregação preparada pelo Pr. Alexandrino Moura
Leitura: Salmo 122
Texto: Salmo 122

Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo,
O texto da pregação do sermão desta noite é o Salmo 122. Normalmente cantamos este Salmo no início do culto, logo após o voto – a nossa declaração de dependência do SENHOR que criou os céus e a terra. Quando lemos este Salmo, podemos sentir a alegria do salmista. O que causa essa alegria em Davi? Davi mesmo responde no início do Salmo: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR” (Sl 122.1). Que Casa do SENHOR é essa que Davi fala? É o templo do SENHOR! O lugar onde o povo de Deus foi convocado pelo SENHOR para adorá-Lo. Foi no Monte Sinai que Deus colocou o Seu trono para ser adorado pelo povo da aliança no Antigo Testamento. Foi no lugar determinado pelo SENHOR que o seu povo podia adorá-Lo da maneira que Ele determinou.

E este Salmo demonstra a alegria do salmista em querer ir à Casa do SENHOR. O que tem na Casa do SENHOR que causa essa alegria no salmista?
Eu vos proclamo a Palavra do Senhor no seguinte tema:

Tema: A Alegria do Cristão no Dia do Senhor
  • 1. Em ir à Casa do SENHOR
  • 2. Em orar pela Paz da Igreja
  • 3. Em se esforçar pelo Bem da Igreja
1. A Alegria do Cristão no Dia do Senhor, em ir à Casa do SENHOR
Irmão e irmã, você se alegra com esse dia – o Dia do Senhor? Como estava o seu coração quando você se dirigia a este local de oração, onde o povo de Deus se reúne? Você se alegrou por hoje ser o Dia do Senhor, e que você viria se reunir junto com o restante do povo de Deus neste lugar? O seu coração estava fervendo de alegria, e, por isso, você veio com disposição para cultuar a Deus? Você sente alegria porque vem assistir ao culto solene – à santa convocação do SENHOR? O que você sente quando vem à igreja? O que você veio fazer aqui? O que é o culto para você, conforme a Bíblia? Qual a importância do culto em sua vida? O que você recebe durante o culto? O que você busca neste momento?

Irmão e irmã, essas são perguntas importantes para serem respondidas por vocês, individualmente. O Salmo 122 responde à pergunta sobre o que esperamos receber em um culto a Deus. Davi sabe mais do que ninguém o que ele espera encontrar quando cultuava a Deus. O culto é a santa convocação solene do Deus da aliança. É nesse momento que o Deus da aliança quer se encontrar com o seu povo, de uma forma especial. E isso é o que torna o culto mais especial ainda. Davi sabe que vai encontrar Deus lá no templo. Por isso, ele disse: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR” (Sl 122.1). Esse era o motivo da alegria de Davi quando disseram para ele: vamos à Casa do SENHOR!

Antes de continuar, devemos voltar ao início da criação, do momento em que Deus criou o homem. Quando Deus criou o homem, este passou a viver diante de Deus. Não havia restrição alguma da parte de Deus ao homem. O homem podia estar na presença de Deus sem nenhuma dificuldade; podia falar com Deus, expor seus pensamentos, suas preocupações, porque vivia diante de Deus, na presença de Deus. Gênesis 3, diz que Deus vinha falar com o homem no final do dia, mostrando a ligação entre o Criador e o homem – Sua criatura.

Porém, quando o homem desprezou esta comunhão maravilhosa e quis seguir os seus próprios pensamentos, Deus não permitiu mais ao homem estar em sua presença. É isso o que nós vemos na queda do homem em pecado. O pecado é rebelião contra os mandamentos de Deus. O homem não ficou satisfeito com aquilo que recebera do SENHOR Deus. Em vez disso, ele preferiu dar ouvido às palavras de satanás. O homem tentou arrancar a coroa da cabeça de Deus para ele mesmo ser um deus. Mas, o resultado não foi o esperado. Quando ele percebeu que, o que fez, foi causar a ira de Deus, o casal se escondeu de Deus e tentou consertar tudo fazendo roupas com folhas. Adão e Eva não assumem o seu pecado, colocando, assim, a culpa um no outro. Como consequência da rebeldia, Deus expulsa o casal de Sua presença, deixando bem claro que eles não poderiam estar na Sua presença com seus pecados. Essa era uma realidade dura na vida de Adão e Eva. Eles agora têm que provar a tristeza e o sofrimento desta vida cheia de pecado; eles têm que enfrentar a morte física e a morte espiritual. Expulsos do Jardim do Éden e da presença de Deus, provaram um pouco do que é o inferno; o inferno é o lugar onde os pecadores recebem a ira de Deus contra os seus pecados; no inferno não há graça nem alegria; no inferno há ira e sofrimento. Pois o Deus gracioso não se faz presente na vida do pecador.

O Salmo 122, falando da Casa do SENHOR, nos lembra do êxodo do povo de Israel, quando Deus os conduzia durante o dia, com uma coluna de nuvem, e, à noite essa coluna de nuvem ficava envolvida em fogo. Assim, Israel sempre podia ver a presença de Deus acima deles. Mas não no meio do povo! Havia uma distância entre Deus e o povo, por causa do pecado. Por isso, quando Deus fez a aliança com Israel, no monte Sinai, prometendo ser o Deus de Israel, Ele também prometera que habitaria no meio do povo. Que viveria entre o povo de Israel. Porém, nós sabemos por meio das Escrituras, que isso não era possível, porque o pecado impediu que o homem ficasse diante de Deus. Por isso o povo ficou com medo quando o SENHOR desceu sobre o monte Sinai; os israelitas rogaram que Moisés falasse com o SENHOR em seu lugar, para eles não serem consumidos pelo SENHOR.

É nesse momento que vemos a graça de Deus na vida do povo de Israel. Ele sabe que o povo está cheio de pecado que ofende a Sua santa majestade. Ele sabe também que o povo não tem como, por si só, entrar em sua presença. Por isso ordenou a Moisés que construísse um tabernáculo para Ele habitar entre o povo. Deus está tomando providência para que Ele possa habitar no meio do seu povo, cumprindo a promessa que Ele fez. E tudo deve ser feito conforme a Sua vontade e não como Moisés achar melhor. O SENHOR ordenou a maneira dos sacerdotes se vestirem; como seriam os sacrifícios; como seria cada detalhe do tabernáculo; quantas salas teria o tabernáculo. O tabernáculo teria um pátio onde o povo deveria ficar, uma sala onde ficariam os sacerdotes realizando seu trabalho – chamado de Santo Lugar e também tinha outra sala depois da sala onde os sacerdotes ficariam – essa outra sala era chamada de Santo dos Santos. No Santo dos Santos ficava a arca do SENHOR – o trono de Deus. O Santo dos Santos era separado do Santo Lugar, por uma cortina que tinha bordada a figura de dois querubins, simbolizando que eles não permitiam ninguém entrar na presença do SENHOR. Apenas o sumo sacerdote entrava uma vez por ano, naquele lugar. Deus deixou bem claro que o homem não tem acesso à Sua presença; que ele precisava de alguém que lhe representasse diante d’Ele. Vocês devem lembrar o que aconteceu quando Moisés construiu o tabernáculo.

Vejamos o que diz a Palavra de Deus em Êxodo 40.34-35, quando o tabernáculo foi concluído: “Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo”. O SENHOR cumpriu a sua promessa de habitar no meio do povo. O tabernáculo era a morada de Deus entre o povo e, de uma maneira especial, o povo sentia a presença de Deus naquele lugar de adoração; o lugar onde Ele ordenou para o povo cultuá-Lo.

A mesma coisa aconteceu quando Salomão terminou a construção da Casa do SENHOR, ou Templo do SENHOR em Jerusalém. 1 Reis 8.10-11 diz: “Tendo os sacerdotes saído do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR, de tal sorte que os sacerdotes não puderam permanecer ali, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR”. O SENHOR tinha sua morada no meio do povo. O povo de Deus podia ver com seus próprios olhos a glória do SENHOR enchendo toda a Casa do SENHOR. Esse era um motivo especial, para o povo cantar de alegria. Porque, o Deus Santo que expulsou o homem de sua presença por causa do pecado, agora faz sua morada, estabelece a sua habitação no meio de pecadores. Isso é o que causa a alegria de Davi no Salmo 122.1 quando diz: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR”.

Deixe-me explicar melhor o porquê da alegria de Davi. O que causa a alegria de Davi quando dizem para ele: “Vamos à Casa do SENHOR”? Este Salmo tem como título: ‘cântico dos degraus’. Era um salmo que, provavelmente, era cantado quando estavam subindo para a Casa do SENHOR. E, no Dia do Senhor, você pode imaginar uma multidão de pessoas subindo para adorar ao SENHOR em sua Casa? Você pode imaginar as pessoas cantando entusiasmadas pelas ruas de Jerusalém em uma só voz?! Nessa caminhada à Casa do SENHOR, a multidão encontrava um israelita no caminho e o chamava para ir à Casa do SENHOR. Você pode imaginar, uma multidão se aproximando cada vez mais da Casa do SENHOR e vendo um prédio lindo, com seus muros altos?! Depois de subirem para a Casa do SENHOR, a multidão coloca seus pés na entrada da Casa do SENHOR, a morada do SENHOR no meio do povo, onde a Sua glória está, de uma forma especial. Então, a multidão entra no pátio da Casa do SENHOR. O que a multidão vê? O que você imagina? Um lugar lindo e um coral cantando? Pessoas sentadas, ouvindo a pregação da Palavra de Deus?

Não, a multidão vê outra coisa. Ela encontra o local cheio de animais que as pessoas estão trazendo. Os animais fazendo barulho, defecando e urinando; um mau cheiro intenso. Lá também não tem um púlpito onde há um oficial pregando. Lá tem um altar coberto de sangue. Ao redor do altar você pode ver o sangue escorrendo. O altar é o lugar onde as pessoas se dirigem a ele com seus animais. É onde levam os seus animais para serem oferecidos em sacrifício. Você pode ouvir o barulho que os animais fazem, na hora em que estão sendo mortos pelo sacerdote.

Era exatamente tudo isso que causava alegria em Davi; não porque ele gostava de matar animais, pelo contrário, era porque a morte de um animal significava reconciliação com Deus. Deus estava mostrando que um animal estava sendo morto como substituto do pecador, como sacrifício pelos pecados. Deus estava perdoando ao homem pecador e o reconciliando com Ele mesmo. Mostrando que o pecador, agora, poderia estar em Sua presença novamente. Em vez de Deus matar o pecador, matava o animal. Este é o evangelho que causava alegria em Davi em ir à Casa do SENHOR. Porque ele encontrava e recebia o perdão dos pecados. Porque lá, o SENHOR da aliança estava trabalhando para Davi poder se achegar a Deus novamente, já que o homem foi expulso da presença do SENHOR e não podia ficar em Sua presença.

Não era somente Davi que ficava feliz em ir à Casa do SENHOR. O Salmo 122.4 diz: “para onde sobem as tribos, as tribos do SENHOR, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do SENHOR”. Este versículo diz que todas as tribos de Israel, todo povo do SENHOR subia à Casa do SENHOR para oferecer sacrifício pelos seus pecados e assim, ter a certeza de que Deus perdoou seus pecados.

Porém, todos nós sabemos que não eram os sacrifícios de animais que tiravam os pecados do povo. Não era o sacrifício de animais que reconciliava pecadores com Deus. Pelas Escrituras, ficamos sabendo que os sacrifícios no Antigo Testamento apontavam para o sacrifício de Jesus na cruz; para o derramamento do sangue do Cordeiro de Deus – Jesus Cristo! Através do sacrifício de Jesus, recebemos o perdão dos pecados e somos reconciliados com Deus. No Antigo Testamento, existia na Casa do SENHOR o Santo dos Santos separado do povo, mostrando que mesmo Deus habitando no meio do povo, ainda havia uma separação entre Deus e o povo. Porém, essa separação foi desfeita no dia da morte de Jesus Cristo, quando o véu do Templo se rasgou de cima até em baixo. A separação que havia entre o povo da aliança e Deus foi desfeita. É isso que diz Hebreus 10.19-22: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura”.

Irmãos, quando estamos vindo nos reunir neste lugar como povo Deus, devemos estar mais alegres do que Davi. Por quê? Primeiro: não estamos vindo ao culto para oferecer sacrifícios de animais pelos nossos pecados. Porque Jesus Cristo se ofereceu na cruz do calvário como o nosso cordeiro e conquistou para nós o perdão dos nossos pecados. Por isso não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais, pois o seu sacrifício foi perfeito.

Segundo: agora que Jesus pagou pelos nossos pecados, podemos nos aproximar de Deus novamente, por meio de Jesus Cristo. Podemos chegar diante do trono de Deus por causa de Cristo – o que não era permitido no Antigo Testamento.

Terceiro: hoje, a Casa do SENHOR não está em Jerusalém. Hoje, nós é que somos a Casa do SENHOR, o lugar da habitação do SENHOR. Ele habita agora em pecadores purificados no sangue de Jesus Cristo.
Por esses três motivos, devemos estar mais felizes do que Davi e o povo de Deus no Antigo Testamento. Porque nós temos a concretização das promessas do SENHOR Deus em nossas vidas.

2. A Alegria do Cristão no Dia do Senhor, em orar pela Paz da Igreja

Irmãos, o salmista diz: “Orai pela paz de Jerusalém!”. Por que devemos orar por Jerusalém? Muitas igrejas evangélicas ensinam que devemos orar, porque Israel ainda vai ser restabelecido à sua posição de povo de Deus novamente, pelo SENHOR Deus. Mas isso não é verdade, pois o apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, afirma que Israel foi rejeitado pelo Senhor. Não é mais o seu povo. Então, como devemos entender esta afirmação de Davi para orar por Jerusalém?

Porque dentro dos muros de Jerusalém está a Casa do SENHOR! Como diz o verso 5 do Salmo 122: “Lá estão os tronos de justiça”. Era lá em Jerusalém – referindo-se à época do Antigo Testamento – que se reunia a Igreja do Senhor para louvá-Lo. Era lá que havia pregação da Palavra através dos sacrifícios. Era lá que as pessoas recebiam o perdão dos pecados. Recebiam esperança de viver livre da ira de Deus. Mais do que isso: é o lugar da habitação do SENHOR, o Deus da aliança.

Também é lá que vive o rei Davi e seus irmãos na fé. Por isso Davi está dizendo: “Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti!” (Sl 122.6-8). Ele está rogando ao povo em tom de ordem, que ore pela Igreja do Senhor. Ore para que ela permaneça em paz e na graça do SENHOR e, assim, o SENHOR permanece derramando suas bênçãos na vida do povo. Ele pede que ore para que os seus irmãos sejam prósperos; para que dentro dos muros de Jerusalém haja paz; que não haja pecado na vida da Igreja; para que os irmãos se amem mutuamente. Davi aqui está preocupado com a paz dentro da Igreja. Ele está preocupado com a vida de cada membro da Igreja e, acima de tudo: com a glória do SENHOR Deus.

Irmãos, como Davi ama a Igreja do SENHOR! Como ele está preocupado com a vida espiritual dos irmãos e seus bens materiais!

E você, meu irmão e minha irmã, têm orado em sua casa pela vida espiritual da Igreja? Tem se lembrado dos seus irmãos em oração? Você tem se preocupado com a paz da Igreja de Cristo? Orado para que não haja pecado dentro da Igreja? Porque o pecado é o que tira a paz da Igreja. Quando há pecado na Igreja, há desordem; e desordem é falta de paz. Por isso, devemos dobrar nossos joelhos no chão e orar pela vida espiritual da Igreja e de cada membro individual. Não devemos ser crentes que não oram pela Igreja de Cristo; que não oram pelos nossos irmãos. Devemos lembrar sempre de orar em nossas casas – seja em família ou individualmente – pela Igreja e pelos irmãos. Devemos orar pelas necessidades de nossa Igreja. Orar pelas necessidades de nossos irmãos.

A oração pela Igreja é uma prática bíblica e ordenada pelo próprio Senhor. No Antigo Testamento, no Salmo desta pregação, encontramos Davi orando e pedindo pela paz e prosperidade para os irmãos; no Novo Testamento, vemos o próprio Senhor da Igreja – Jesus Cristo – orando pela Sua Igreja. Também mais tarde vemos os apóstolos orando pela vida da Igreja. Principalmente nos primeiros capítulos das cartas de Paulo enviadas às Igrejas.

Irmãos, o próprio Senhor nos chama a orar pela Igreja e pelos nossos irmãos. Será que nós vamos desprezar este mandamento do Senhor? Será que vamos ser crentes mortos, que não oram pela paz da Igreja? Se você não ora ou nunca orou pela Igreja de Cristo da qual você faz parte, arrependa-se! Dobre seus joelhos em terra e peça perdão ao Senhor, por não se importar com sua Igreja nem com seus membros. Comece hoje mesmo, em sua casa, a orar pela vida espiritual da Igreja e pelas necessidades que a mesma pode enfrentar. Ore também pela vida de cada membro, individualmente; ore pelas congregações; ore pelos visitantes de nossa Igreja, para que o Senhor Jesus Cristo alcance o seu coração, e ele viva para Cristo; ore por seus oficiais, para que eles façam um bom trabalho para o bem da Igreja de Cristo; mais ainda: ore pela sua própria vida, pedindo conhecimento da Verdade do Senhor; ore para que o Senhor mostre mais e mais a Sua glória a você, e que você viva mais e mais – a cada dia – diante do Senhor Jesus Cristo.

3. A Alegria do Cristão no Dia do Senhor, em se esforçar pelo Bem da Igreja

Irmãos, além de orar pela vida da Igreja, o que mais você faz por Ela? O Salmo 122.9 diz: “Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o teu bem”. O que você tem feito para buscar o bem da Igreja de Cristo?

Irmãos, todos temos a tarefa de buscar o bem desta Igreja de Cristo. Devemos zelar para que haja paz dentro desta Igreja. Por isso, não devemos ficar apenas em oração. Devemos trabalhar, para que a nossa comunhão cresça mais e mais; para que a nossa vida seja um bom exemplo de um cidadão do reino de Cristo, e evitarmos que falem mal de Cristo e de sua Noiva – a Igreja; devemos convidar nossos vizinhos e colegas a virem à Igreja e aprenderem acerca de Cristo; vamos falar também com nossos vizinhos sobre Cristo e das bênçãos celestiais que Ele tem para dar a todos aqueles que O servem.

Irmãos, devemos cuidar da Igreja de Cristo para que ela não seja destruída pelo próprio Senhor Jesus. Não devemos nos tornar uma Igreja morta espiritualmente. Devemos lutar para que sempre haja pregação fiel nesta Igreja. Pois se esta Igreja for destruída por Cristo, significa que todos nós também seremos destruídos juntamente com ela.

Por isso, se esforce para que o reino de Cristo cresça nesta localidade; se esforce para que não haja pecado que destrua a Igreja; se esforce para que nada tire a paz desta Igreja de Cristo.

Se fizermos isso, iremos provar das mais ricas bênçãos do Senhor Jesus Cristo em seu reino.
Amém.


(Texto extraído de: http://pregacaoreformada.org/antigo-testamento/item/257-salmos-122 )