segunda-feira, 29 de março de 2010

CONTOS, CRÔNICAS & POESIAS

“TEMPO...MEMÓRIA...TESOUROS”
 
         Ah, o tempo!... Tempo. Uma palavra com tantas possibilidades! Uma palavra que, por si só, define a limitação, o prazo. O próprio tempo sofrendo a imposição de um tempo para ser e acontecer. À cada situação se determinando começo, meio, fim, propósitos e metas. Assim é para mim, para você, para todos e para tudo. Para as gerações que vieram, as permanecentes, as que chegaram e as que, como as anteriores, virão e se irão.   

        Tempo. Para cada coisa (e quantas!) um tempo. Em cada coração, um propósito, um sonho, um ideal, mil projetos!  Há momentos em que nos parece haver tão pouco tempo para realizar, fazer vir à luz e, em outros, as horas e minutos se arrastam,...intermináveis.
              
         O tempo da alegria, do prazer, da satisfação, do gozo pela conquista, entre outros... sempre parecendo curto, minguado, e o tempo da espera, da dor, das incertezas, das desilusões, do parecer equivocado ou impossível; extenso.

 O  tempo da exigência, estreito. O tempo da prestação de contas, infindável.
 O  tempo definindo o que permanece e o que se extingue.
 O  tempo demarcando nosso antes, durante e depois.
 O  tempo estabelecendo seu tempo para tudo.
 
 Tempo e memória andando juntos. Como engrenagens. Impelindo-se mutuamente.
 Tempo e memória. Passado, presente e futuro.  
 Tempo e memória. O que passou e o que insiste em persistir.
 
         Reter o tempo. Transformar os eqüívocos em passado permanente e os acertos em contínuo presente.          
         Parar o relógio...retardar a contagem...voltar e acertar...espalhar a areia e apagar os passos mal dados, as escolhas mal feitas...as influências que desnortearam...retomar a caminhada interrompida...dar as mãos...restaurar os laços...repensar...trazer à lembrança...considerar o desprezado...são tantos passos que ficaram por ser dados e tantos os que desejaríamos nunca termos iniciado...! 
          De alguma forma, eu e você, muitas vezes, nos pegamos desejando poder entrar no túnel do tempo e corrigir os desacertos, mas não nos é dada essa possibilidade; para que não nos percamos em nós mesmos e nos infindáveis ‘se’s e, ficando presos ao passado, deixarmos de viver o agora, vindo a morrer para o futuro. Naquilo em que falhamos, arrependermo-nos, corrigirmo-nos, se possível for; senão, atentarmos para não o repetirmos. Naquilo em que acertamos, que não nos tornemos orgulhosos ou arrogantes mas que prossigamos em humildade e temor. É necessário continuarmos e prosseguirmos avante.   
 
          Tempo, memória, tesouros. O que deixar morrer e o que lutar por preservar. Tesouros das lições e instruções aprendidas e passadas de uma geração para outra, fazendo ,de cada uma, pérola preciosa. Lições que geraram frutos de vida, que se revelaram justiça e sabedoria para aqueles que as guardaram e viveram, dando, a outros, exemplos a seguir. A cada um se reserva o direito de escolher se as reterão e aplicarão ou se as desprezarão. Para os que as preservarem ou para os que as negarem; a cada um seu fruto. Cada lição aprendida torna-se como ramos de uma árvore frutífera que, tendo a Palavra como raiz e plantada junto às águas, torna-se frondosa e oferece abundante sombra e alimento. 
          
          O Tempo fornece à memória as sementes que se tornarão os frutos do abundante tesouro a ser repartido com todos aqueles que lhe derem o valor justo, resguardando-o na sua plenitude e essência. Há tesouros e tesouros. Tesouros eternos e tesouros perecíveis. Há tesouros de conhecimentos e lições que se revelam bons para este tempo de vida e que, pela experiência, guardamos cuidadosamente e os repassamos para que outros o desfrutem e o distribuam generosamente e há tesouros, cuja riqueza e valor estão muito além do temporal e do humano; se revelaram nesta vida mas a ultrapassam. São os tesouros da Palavra viva, verdadeira e fiel, por cujas linhas muitos deram suas vidas e não se arrependeram e que, por tais atos, foi atiçado o fogo de uma tocha que, há muito , vêm sendo passada de mão em mão, até aquele dia em que será cruzada a linha de chegada; o momento final e derradeiro.   
 
Tais tesouros são impreteríveis. São inegociáveis. São imperecíveis. São eternos. 
Há sabedoria em escolhermos o eterno.    


Gabriela Avila

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